domingo, 22 de abril de 2012

Brasil apoiou tráfico de armas àArgentina na Guerra dasMalvinas, diz jornal

O Governo brasileiro
prestou apoio logístico à Argentina para o
abastecimento de armas soviéticas na Guerra das
Malvinas, em 1982, segundo revelou neste
domingo o jornal "O Globo", que reuniu
documentos oficiais secretos.
Apesar de se manter oficialmente neutro no
conflito entre Argentina e o Reino Unido, o Brasil
cedeu o aeroporto de Recife para as escalas dos
aviões que transportavam mísseis e minas desde a
Líbia.
A iniciativa começou com o apoio da União
Soviética (URSS) e de Cuba ao regime militar
argentino na Guerra das Malvinas em meio a
Guerra Fria, pelo fato do Reino Unido ser um de
seus principais inimigos ao lado dos Estados
Unidos.
Dessa forma, segundo um documento secreto da
Marinha brasileira, um avião cubano, com aporte
da URSS, seguia para Buenos Aires com armas,
quando foi interceptado por autoridades
brasileiras. A aeronave voava clandestinamente e
os países não mantinham relações diplomáticas.
No entanto, o regime militar permitiu a
continuação da viagem após uma negociação de
seis horas com o país vizinho. Daí em diante, os
voos da companhia Aerolíneas Argentinas com
armas entre Líbia e Buenos Aires, com escala em
Recife, chegaram a alcançar uma frequência de
dois por dia.
Nesse período, um documento do Conselho de
Segurança Nacional do Brasil registrou que a
Argentina estreitou "gradualmente" seus contatos
com Brasília, com pedidos de ajuda na compra de
aviões, bombas incendiárias, munição para fuzis,
sistemas de radar e querosene de aviação. As
repostas brasileiras eram quase sempre
favoráveis. Mas, quando era negativa, os
argentinos recorriam ao apoio do Peru, que teria
fornecido caças e mísseis comprados ao mercado
negro, segundo "O Globo".
O fornecimento de armas também partia de Israel
e seguia duas rotas, uma com escalas nas Ilhas
Canárias (Espanha) e Rio de Janeiro, e a outra,
através de Caracas e Lima.
O jornal ainda publicou um documento da
embaixada britânica criticando o Brasil por ceder
seus aeroportos aos voos da Argentina com
carregamento de armas. Brasília respondeu a
Londres que em suas revisões dos voos da
Aerolíneas Argentinas "não encontrou nada de
natureza militar".

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